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11º Ano - Ciência e Hipótese. Validade e Verificabilidade das Hipóteses/Teorias

Posted on April 21 2015

11º Ano - Ciência e Hipótese. Validade e Verificabilidade das Hipóteses/Teorias

A verificação das hipóteses: confirmação ou refutação?

A relação entre a hipótese e a experiência é, sem dúvida, o aspecto mais decisivo da ciência.

O teste da experiência poderia entender-se simplesmente como a procura de experiências que confirmem a teoria. Neste caso, uma teoria seria verdadeira se, e apenas se, correspondesse aos factos ou se estes a confirmassem. Mas, tendo em conta que toda a experiência científica representa uma selecção de aspectos considerados relevantes para a própria teoria que se pretende provar, poderia acontecer que uma hipótese encontrasse fácil confirmação numa experiência que ela própria delimita/«cria» e de que controla as condições. De facto, não é raro a comunidade científica ser ludibriada por supostas descobertas, algumas delas publicadas nas mais conceituadas revistas científicas, e que mais tarde são reconhecidas como falsas descobertas.

É devido a este problema que alguns filósofos contemporâneos consideram a forma de verificação de uma hipótese pela simples confirmação, como uma prova fraca que não oferece absoluta certeza e garantia da sua verdade ou verosimilhança. Por isso, apresentam uma alternativa, que consiste em procurar insistentemente casos ou fenómenos que possam infirmar a hipótese ou teoria proposta. Assim, uma hipótese teria o direito a ser proposta como verdadeira ou verosímil, não quando invocasse apenas as experiências que a confirmassem, mas quando, além disso, tendo-se procurado por todas as maneiras contra-provas ou contra-exemplos que a infirmassem, estes não tivessem sido encontrados.

Mesmo assim, não se pode dizer que essa teoria, que nenhuma contraprova infirma, seja a verdade essencial acerca da realidade em questão. Pode sempre surgir um facto ou um contra-exemplo que venha pô-la em questão. Neste sentido, uma teoria científica não pode pretender alcançar propriamente a verdade, mas tão só uma maior verosimilhança. Todas as teorias são, por isso, conjecturais e provisórias, o que não quer dizer que todas sejam equivalentes.

O grande defensor desta teoria simultaneamente conjecturalista[1] e refutabilista[2] da ciência, foi o filósofo austríaco Karl Popper. Uma consequência que decorre desta concepção da ciência em Popper é a de que nunca podemos estar seguros de que a nossa teoria seja absolutamente verdadeira ou que não possa vir a ser substituída por outra mais plausível e satisfatória. Daí a necessidade de contínua correcção das hipóteses e teorias e o contínuo progresso do conhecimento por uma espécie de tentativa-erro. Abre-se assim o caminho, não a uma concepção do relativismo em ciência, mas à contínua evolução e progresso dos nossos conhecimentos científicos.

[1] Conjectura - juízo/teoria formado(a) sobre probabilidades; suposição.

[2] Refutar - contradizer; contestar; desmentir; reprovar.

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